quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A importância da representação manual como suporte criativo e ao desenho tridimensional.

A importância da representação manual , não apenas na joalheria como também em qualquer projeto de produto, é uma ferramenta que auxilia consideravelmente no desenvolvimento, na representação de idéias, na sensibilidade estética de uma pessoa e até mesmo no desenho digital, pois, o momento da interação lápis e papel é muito importante para o designer conhecer as principais formas do seu projeto. É nesse momento que as mãos serão mais ágeis desenhando do que comandando um mouse ou um teclado e assim planejar como será seu produto final.


José Eduardo Valadares Bahia, Prof.de Representação Manual no Centro de Estudos em Design de Gemas de Jóias da Escola de Design - UEMG.



Liliane Priscila dos Santos na aula de Representação Manual no Centro de Estudos em Design de Gemas de Jóias da Escola de Design - UEMG.

Quando se pensa no produto jóia, nós pensamos no glamour, nos sonhos, e principalmente na beleza. Esta beleza está relacionada diretamente com alguns fatores, por exemplo, a criatividade e habilidade do designer para representar e passar com perfeição suas idéias, além de aplicar a este novo produto, inovação e uma matéria prima de qualidade.

Na atualidade vivi-se a era digital onde, praticamente, todas as atividades são realizadas através de computadores ou com o auxilio dos mesmos. Mas em trabalhos minuciosos, principalmente os que envolvem criatividade, é importante estabelecer uma harmonia de atividades, onde o uso de softwares (Rhinoceros, 3D MAX, Flamingo 3D, Jewel CAD, 3D Max, entre outros), não tenha um caráter substitutivo e sim complementar às atividades como por exemplo o do desenho manual. Pois esse tipo de tecnologia auxilia muito no que diz respeito a Prototipagem Rápida que utiliza sistemas atuais de fabricação (precisão matemática para sistemas operacionais de máquinas), mas não é eficiente quanto ao desenvolvimento criativo, sem falar que a maquina é limitada e depende do comando do homem, em quanto à mão e a mente humana não tem limites na criação e na representação de formas.

Isto significa a possibilidade de manutenção das atividades de concepção tradicional e fabricação artesanal (estudos, ilustrações e atividades de ourives), utilizando o auxilio de novas ferramentas como, por exemplo, os sistemas 3D, para onde são transferidos e/ou gerados os aspectos artísticos diferenciais que podem agregar inovação ao projeto, principalmente pela ocorrência da interferência humana direta no ato de criação. De qualquer forma quem cria os projetos e comanda as máquinas são seres humanos.

No livro, Desenhos para Joalheiros - 2004, podem ser encontrados exemplos mais atuais de desenhos de jóias. São representações manuais que demonstram ser necessárias para otimizar o trabalho tanto no momento da criação e projeções quanto no momento das renderizações.



Livro, Desenhos para Joalheiros.


Anna Gonzáles – 2001. Desenhos manuais, do anel Prata e Papel, mostrando as etapas que o mesmo deve passar antes de ser representado por um software.


Sônia Serrano, Bracelete de ouro polido, 1992. Desenho manual com valorização numérica do bracelete. Como se trata de metal polido, a escala é descontinua: 1, 3, 5, 7.



A primeira etapa da ilustração do desenho é feita com tintas, para fins artísticos, que contribuem com a limpeza de mancha uniformes e luminosa.


Na técnica passada pelo livro, Desenhos para Joalheiros, a etapa de finalização é feita com lápis de cor.


Desenho do anel Prata e Papel, feito em um programa de software 3D.


Render do mesmo anel de Anna Gonzáles, 2001

Processos da Joalheria

Desde o começo da civilização humana, o uso de adereços está intimamente ligado ao homem. No início, eram amuletos feitos de ossos, sementes, madeira e pedras em bruto que simbolizavam saúde, crença espiritual, moeda e formas artísticas de expressão. Os amuletos eram presos ao pescoço com alguma tira de tecido ou couro simplesmente amarrada, sem o propósito de valorização do objeto carregado. A joalheria surgiu quando metais como ouro e a prata, entre outros, começaram a ser usados para a confecção dos adornos.

Joalheria Manual

Para a fabricação da joia artesanal é preciso habilidade e um amplo conhecimento na área, pois, são inúmeras  operações  a serem interpretadas e executadas pelo ourives, tais como:

  • Definir o tipo de joia (anel, colar, pulseira, etc) que será produzida;
  • Interpretação do desenho e dimensões da peça;
  • Determinações dos acabamentos serão aplicados a peça (tipo de lapidação,tipo de cravação, etc.);
  • Seleção de materiais;
  • Laminação;
  • Fundição do lingote;
  • Soldagem à gás;
  • Lixamento;
  • Polimento;
  • Tratamentos químicos;
  • Tratamentos térmicos;
  • Trefilação;
  • etc.
 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Cravação

A necessidade de unir o metal ás pedras preciosas fez com que fossem elaborados os primeiros processos de fixação das pedras com o metal usado, dando início ao processo de cravação.

A cravação sempre esteve relacionada com o tipo de lapidação da gema usada. No início, as pedras eram cravadas em bruto, portanto totalmente disformes, sendo que cada peça exigia um trabalho especial. Normalmente, a fixação da pedra era feita de uma forma de cravação martelada, onde o ouro era expandido sobre as laterais da pedra até a sua fixação permanente.

Cravação antiga martelada

Somente quando teve início a lapidação de pedras preciosas com maior precisão é que começaram a surgir novas técnicas de cravação, que pode ser exposta de uma forma mais limpa sem que haja uma interferência muito grande do metal sobre a pedra e expondo-a mais à luz, o que lhe dá mais brilho, além de poder mostrar toda sua beleza interna e externa.

Técnicas de cravação

  • Cravação Inglesa;

  • Cravação Bigodinho;

  • Cravação com Garras;

  • Cravação Pavê;

  • Cravação Grão

  • Pré-cravação;

  • Cravação Invisível;

  • Cravação Invisível;

  • Cravação Trilho;

  • Cravação Tensão;

  • Cravação em cera.
Referências:

Cravação Trilho ou Carrê

É a técnica de cravação onde as pedras são colocadas alinhadas entre dois trilhos com sulco lateral chamados canais. São utilizadas pedras redondas, mas mais comumente pedras quadradas ou baguetes. Quando a cravação for linear, ou seja, as pedras estão posicionadas uma ao lado da outra, é chamada de trilho mas quando houver interferência de uma barra de metal entre as pedras, é chamada de "barra".

Este tipo de cravação, é muito usada em alianças e pulseiras, pois quando são usadas pedras carré, dá a ilusão de uma linha continua dos diamantes.



Cravação Trilho ou Carrê

O canal é uma variação da letra U, onde os lados são feitos um pouco mais estreitos que a espessura das pedras a serem cravadas. A pedra é colocada entre esses entalhes e o metal do topo é puxado para baixo fixando a pedra no lugar. Neste tipo de cravação, as pedras ficam muito seguras e protegidas de pancadas e desgaste geral.

Referência: Revista – Diamond News 10 Anos, Ano 11, n°34, pág. 46.

Cravação Pavê

A palavra pavê vem do fancês "pavimentado", o que caracteriza esse tipo de cravação. é usada se quer cobrir uma determinada área de uma joia com diantes. A chapa é perfurada milimetricamente, onde são inseridos os pequenos diamantes, dando a impressão de uma rua pavimentada ou um favo de mel. É um trabalho muito delicado e exige muita perícia do artesão, pois os buracos tem que estar espaçados uniformemente e alinhados para que o efeito seja perfeito. Além disso, os diamantes têm que estar no tamanho exato e com uniformidade de cor e lapidação.


Cravação Pavê

É uma cravação muito usada na alta joalheria, já que passa a ilusão de uma joia importante e quase sempre é feita com ouro branco e diamantes de boa qualidade e cor. Essa cravação está diretamente ligada com a capacidade do joalheiro, pois a exata fixação dos diamantes é fator determinante da qualidade final da joia. É necessário um projeto prévio da joia a ser feita, pos o afunilamento de determinadas áreas requer diferentes tamanhos de diamantes para que a superfície da anel pareça um tapete brilhante.

Referência: Revista – Diamond News 10 Anos, Ano 11, n°34, pág. 45.

Cravação com Garras

Este tipo de cravação é o mais popular e versátil meio de fixação de uma pedra. Apareceu em 1886 com Charles Tiffany, que procurou uma forma de enfatizar mais a pedra do que o metal que a segunda. Como as garras são espaçadas e a pedra fica mais elevada do que a base da joia, maior quantidade de luz passa por dentro da pedra, mostrando a gema no seu brilho máximo.


        
Cravação com Garras

Nesse tipo de cravação, geralmente, são usados pinos em forma de V para fixação de gema que, por sua vez, são fixados na base da joia. São utilizados vários pinos de acordo com a necessidade da gema. A grande característica dessa cravação é sua versatilidade. É de fácil utilização, menos dispendiosa de outras formas de fixaçãoe e se adapta a basicamente a qualquer tipo de gema. No início, o objetivo era a fixação de pedras redondas, mas devido a sua praticidade passou a ser usada para pedras formato fantasia (navetes, baguetes, ovais, gotas, etc.) e sua forma em V (tiffany) sofreu várias adaptações com chatões redondos, quadrados (cartier), com três garras (tulipa), com bases maiores que a pedra (coroa) e outros tipos que vão surgindo, mas sem perder a característica que são os dentes ou pinos de fixação. A técnica é simples: são usadas 3, 4 ou 6 pequenas garras de metal que são dobradas sobre a borda da pedra para sua fiação. Esses pinos são idênticos em forma e tamanho, e anexam a pedra à base da jóia. As partes visíveis dos pinos são cortadas, lixadas e polidas para evitar que apareçam muito sobre a gema, atrapalhando o seu brilho, e também para evitar que esses pinos possam raspar na pele ou nas roupas usadas.

Referência: Revista – Diamond News 10 Anos, Ano 11, n°34, pág. 44.

Cravação Inglesa

Provavelmente, foi a primeira técnica de cravação, pois em resumo, é a evolução da cravação martelada. É uma técnica antiga, mas amplamente usada nos dias de hoje. É usada uma auréola de metal do tamanho exato de pedras a ser usada, e depois de colocada a pedra na posição correta, o metal é martelado até cobrir não mais do que 10% da superfície da pedra, criando assim a sua fixação. É uma técnica amplamente usada para cravação de cabochões. Quanto às pedras facetadas, há ourives que usam a auréola como base fixa, introduzindo a pedra por trás da lâmina do metal, fixando-a pela parte interna da jóia. O resultado é idêntico, mas nem toda joia pode ser feita desta forma. Esse tipo de cravação é muito usada em pedras mais frágeis e dá um enfoque maior ao metal da joia do que propriamente à pedra, que ganha uma segurança maior  , pois as auréola de metal protege as bordas da pedra e evita que batidas ou raspões prejudiquem sua aparência.

Cravação Inglesa

As cravações inglesinha, meia inglesa e bigodinho são consideradas variações da cravação inglesa.


Referência: Revista – Diamond News 10 Anos, Ano 11, n°34, pág. 44.